quarta-feira, 28 de outubro de 2009

“Voltar a enjaular os bichinhos”


Autora: Ana Magalhães


Depois do Sol, da praia e dos corpos livres de roupa apertada e sapatos incómodos, eis que de um dia para outro as nossas crianças são sentadas dentro do carro e trazidas de volta ao mundo real, às suas casas e às suas rotinas, onde as regras e os limites voltam a ser palavra de ordem.

Os pais, que normalmente já têm dificuldade durante o ano em impor limites, nesta época vêem-se a braços com a ingrata tarefa de “pôr em ordem” os comportamentos dos seus “bichinhos”.
Mas será que o regresso à normalidade tem que ser obrigatoriamente negativo para as nossas crianças? Ou será que lhes espelhamos o que nos vai na alma e é a nós, pais, que nos custa ainda mais este “enjaular” da família?

Aceitar cada momento como único e especial seja ele qual for, nem sempre é fácil.
O regresso ao nosso casulo pode ser visto como o aprisionamento das crianças entre quatro paredes, mas também pode ser encarado com alegria.
Regressar a casa, ao quarto, aos brinquedos, aos familiares e amigos poderá ser uma experiência gratificante para as crianças se estas aprenderem que cada página que se vira, cada porta que se fecha, deixa-nos antever novos desafios e um continuar.

Regressar à rotina é também regressar ao aconchego do lar, aos bolinhos e cozinhados caseiros, aos desenhos animados preferidos, às idas ao parque com os amigos, ao reencontro com colegas e professores, aos jantares de família, às histórias dentro do cobertor quentinho e a muitas, muitas outras coisas boas que constituem a dia-a-dia de uma família.

Para que não seja muito difícil o reajustar dos horários selváticos do Verão, procure reorganizar suavemente os sonos e as refeições das crianças, sem pressa e sem ansiedade.

Procure organizar serões em família e use as fotografias e filmagens das férias para em conjunto recordar o Verão como um momento único de plena comunhão e cumplicidade com os seus filhos, e a partir desse momento desenhar estratégias para que essa cumplicidade se estenda ao resto do ano.

Esta é uma altura que nos permite reflectir sobre quais são as nossas verdadeiras prioridades!
Vamo-nos permitir dar espaço para desfrutar dos nossos filhos durante o ano.
Vamos ouvi-los! Brincar e rir com eles! Marcar momentos especiais na nossa agenda diária.
Afinal Eles são o nosso principal projecto de vida.

Dicas:

  • Organize as suas prioridades.
  • Faça listas de compras, menus e tarefas a cumprir, de modo a optimizar o seu tempo.
  • Responsabilize toda a família na gestão da casa, através da atribuição de funções a cada membro.
  • Inclua os seus filhos na elaboração dos planos, sempre que seja possível. Assim será mais fácil ter tempos de qualidade para estar em família. Lembre-se que o que mais nos custa deixar das férias é o tempo sem regras, o tempo para dar e para receber, sem pressas e sem restrições.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Tratamento Gratuito de Trauma

domingo, 18 de outubro de 2009

E agora um pouco mais de concentração!

Autora: Isabel Policarpo
Dicas para maximizar a concentração

Cria o teu ambiente de estudo
· Encontra um lugar(es) para estudar e de preferencia usa-o(s) só para esse fim. Estás a tentar criar hábitos de estudo nesse(s) local(ais), logo não o utilizes para conversar, sonhar acordado ou jogar …
· Dota-o de tudo o que precisas para estudares. Boa luz e ventilação. De uma cadeira confortável qb. De uma superfície onde possas espalhar os teus materiais.
· Assegura-te que o teu local de estudo não tem vista para potenciais fontes de distracção, nem uma televisão ou uma aparelhagem com som excessivo. Não te esqueças de fazer “desaparecer” o telefone ou telemóvel. Os colegas e amigos que falam demais também deverão ser aconselhados “a sair”. Mantém o nível de barulho e de estímulos visuais dentro de níveis aceitáveis.
· Evita relaxar enquanto estudas. Cria uma atmosfera de trabalho


Como estudar e estar concentrado?
· Quando sentires que te estás a distrair, procura envolver-te intensamente no que estás a estudar.
· Tem à mão uma folha de papel onde possas escrever os pensamentos que te vão surgindo enquanto estudas. Tira-os para fora do teu pensamento, deita-os no papel.
· Divide o teu trabalho em pequenos objectivos. Define os teus objectivos de forma concreta e concisa. Define metas de estudo quando te sentas para estudar, isto é antes de iniciar um novo periodo de estudo/trabalho. Para cada bloco de tempo de estudo, define uma meta que seja atingível.
· Começa com pequenos períodos de estudo e aumenta-os à medida que vais mantendo a tua concentração
· Define prémios adequados para sempre que atinges os teus objectivos.
· Divide o contéudo do estudo e intercalá-o com resumos ou apontamentos,
de modo a manter o interesse e a evitar o aborrecimento.
· Tira o máximo partido dos periodos de descanso e procura fazer coisas totalmente diferentes. Não mistures trabalho com divertimento/lazer.
· Planeia a duração do teu estudo com base nos teus objectivos e no material que decidiste estudar, e não, com base no relógio.
· Constata que não perdes amigos, nem o respeito, nem “um bom momento” só porque estás a estudar…estes estarão sempre lá


Como é que o teu corpo te pode ajudar a manter a concentração?
· Sempre que estudas usa o teu corpo para te ajudar a concentrar. Estuda de acordo com o teu bioritmo. Trabalha nos temas mais difíceis quando estás no pico da tua eficiência mental ( De manhã cedo? Depois das 22h?...) e planeia as tarefas e matérias mais simples, para quando estás mentalmente menos eficiente.
· Conhece e respeita a teu ciclo de concentração – quando começas uma sessão de estudo planeia o que queres atingir e começa energicamente. Quando a tua cabeça começa a divagar, chama-a de volta ao trabalho. Se verificares que estás constantemente a sonhar ou a trabalhar sem compreender, para e faz um intervalo. Durante 5 ou 10 minutos checa o teu voice-mail ou o teu mail, dá uma volta, divaga e relaxa. Depois começa a estudar e repete o ciclo. Para de estudar quando estás fatigado ou desatento.
· Durante períodos de stress e deadlines não deixes que a pressão faça com que ignores o teu corpo – aproveita todas as oportunidades- refeições, deslocações…para relaxar ou fazer exercício. Durante longos ciclos de estudo bebe muitos líquidos e come frequentemente pequenas refeições. Usa café, chá e softs drinks com moderação. Planeia intervalos para um exercício ligeiro para te ajudar a manter alerta e vivo.
· Estuda de preferência após períodos adequados de descanso. Não deixes de dormir, se tens que cortar no sono procura ir para a cama à hora habitual e levanta-te mais cedo. Se estás ansioso, relaxa periodicamente. Senão consegues dormir, faz exercício físico durante o dia e planeia 30 minutos de relaxamento antes de ir para a cama.


Existem na http://www.oficinadepsicologia.com/ os recursos necessários para ultrapassar as dificuldades com o estudo e a ansiedade ás avaliações.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Estudar: Concentração...Concentração...Concentração







Autora: Isabel Policarpo



A concentração tem a ver com a capacidade para fixar a nossa atenção em algo. É sempre importante começar por perceber as razões porque cada um de nós estuda. Sem motivação não há concentração.

Barreiras à concentração

· Fome. Se temos a barriga vazia é difícil sentar e começar a estudar. Contudo também não é expectável que o façamos depois de uma grande refeição
· Fadiga. Quando estamos cansados é difícil manter a concentração durante algum tempo. Sempre que há um teste é preferível levantar mais cedo de manhã, do que ficar a estudar de véspera até tarde, porque deste modo tira-se partido do pico do período de maior eficiência.
· Distracções. As distracções adquirem muitas e variadas formas e podem ser internas ou externas. As distracções externas mais comuns são o barulho e o movimento. As distracções internas, variam de pessoa para pessoa, mas incluem os pensamentos e as sensações que competem pela nossa atenção. Cabe a cada um de nós identificar as suas distracções e pôr em marcha soluções para as reduzir. É importante assumir a responsabilidade por aquilo que fazemos e não culpar os outros pela nossa ausência de estudo. repara o teu espaço de estudo de modo a que esteja o mais livre possível de distracções.

Como construir concentração?

· Desenvolve interesse. O primeiro passo consiste em dar uma vista de olhos ao material de estudo, em tomar contacto com o tema e com a informação disponível sobre o mesmo. Às vezes ajuda delinear ou escrever algumas perguntas que podem ser clarificadas com o nosso estudo, pois isso ajuda a focar a atenção.
· Define objectivos. É importante definir objectivos específicos e não nos limitarmos a dizer por exemplo “Vou estudar matemática”. Importa ter um plano e metas, como por exemplo “Vou ler 10 páginas da matéria e fazer 5 exercícios”. Ao estabelecer um objectivo estamos a definir um “ ponto final para o nosso tempo de estudo” . De outra forma quando é que saberiamos que acabamos?
· Prepara-te para te concentrares. Escolher uma zona especifica para estudar é uma decisão sensata. Levar para lá todos os livros e cadernos , bem como tudo aquilo que achamos que vamos precisar é fundamental. Sempre que interrompemos o estudo para ir buscar algo, a nossa concentração quebra-se.
· Varia de actividade. A concentração é uma tarefa mental exigente. Ninguém consegue manter um nível elevado de concentração por tempo prolongado, pelo que importa variar de actividade enquanto se estuda. Podemos ler durante algum tempo, depois tirar notas/apontamentos, imaginar perguntas, fazer resumos ou mesmo dizer alto aquilo que aprendemos até ali.
· Evita “sonhar acordado”. Todos o fazemos, mas a melhor forma de o ultrapassar é saber que isso acontece. Quando os pensamentos distractivos nos invadem, devemos procurar voltar ao que estavamos a fazer. Uma forma rápida de o conseguir é por exemplo rever mentalmente a materia que se estive a estudar até ali. Se não é possível refocar a atenção, então aceitemos em concentrarmo-nos nos nossos sonhos. “Foca-te no teu sonho, escreve numa folha de papel o que estás a pensar”. Sempre que damos atenção aos nossos sonhos, eles deixam de entrar em conflito com o estudo. Às vezes chega mesmo a haver necessidade de nos levantarmos e dar uma volta, afastando-nos dos livros. Este gesto simples de levanter, ajuda a trazer a atenção para o trabalho que temos em mãos. Se mesmo assim for difícil , temos de aprender a controlar o sonhar acordado, no sentido de aumentar a concentração.
· Relaciona aquilo que estudas/aprendes Todos o fazemos, mas a melhor forma de o ultrapassar é saber que isso acontece.
· Define tempos. Definir o tempo para completar a tarefa, faz com que estejamos focados a completar o trabalho, até que o tempo se esgote.
· Marca o ritmo. Tentar fazer muito em pouco tempo é inimigo da concentração. Quando o que temos de fazer é exigente e trabalhoso, é preferível procurer não completá-lo de uma só vez.
· Define a missão. Uma das dificuldades dos estudantes manterem a concentração, reside no facto de “não terem nada onde se concentrarem”. Se a aproximação à tarefa não é planeada, não há um propósito.

A concentração exige prática. Pratica as sugestões anteriores de forma regular.

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Solteiros e Felizes


Autora: Catarina Mexia

Há uma ou duas gerações os solteiros eram olhados pela comunidade como frustrados que não conseguiam casar. Mas hoje ser solteiro é uma alternativa aceitável.





Da mesma forma que a sociedade mudou para acolher os solteiros por opção, também a nossa cabe­ça tem que mudar, especialmente se ser solteiro resulta do fim de um casamento em que predominou a união e a não individualidade. Es­tar solteiro pode ser uma experi­ência produtiva e feliz, se essa for uma escolha consciente.



Três rostos. Existem pelo me­nos três formas de encarar a con­dição de solteiro. A primeira en­globa pessoas que se sentem en­vergonhadas por terem de ad­mitir que continuam sozinhas. Mostram-se desesperadas e an­seiam por um companheiro. São facilmente aterrorizadas pelo me­do de não terem ninguém que as ame, o que as leva frequentemente à depressão e à insatisfação, dis­tanciando-as cada vez mais de um relacionamento.
Outras apregoam os benefícios de viverem sozinhas, mas não dis­pensam uma noitada, uma saída com amigos. Muitas delas estão a mentir a si próprias e aos outros, porque na realidade sentem-se so­zinhas e percebem que estão tão desesperadas quanto as que sen­tem vergonha por estarem sozi­nhas. Para algumas destas pessoas a necessidade de um companheiro pode esconder uma dificuldade de relacionamento consigo próprias. Sentem esta fase como uma inter­rupção numa área da vida que não devia parar. O medo de ficarem sózinhas leva-as a passarem por rela­cionamentos desagradáveis. E ao rejeitarem ficarem sós, estas pessoas defendem-se da confrontação consigo mesmas, com as suas qua­lidades e insuficiências.
Por último, existem pessoas que, mesmo não sendo solteiras por opção, sentem-se felizes e sabem lidar com esse estado saboreando cada minuto da vida. São a melhor prova de que ser solteiro não é si­nónimo de solidão. Mas porque vi­ver a sós pode não ser voluntário, há que aprender a ser solteiro. Por vezes as pessoas que se encon­tram novamente solteiras após um divórcio sentem um grande alívio e rapidamente desfrutam das vantagens dessa situação. São ge­ralmente casos de pessoas separa­das cujos casamentos foram de tal maneira absorventes que se consti­tuíram verdadeiras barreiras à re­alização pessoal. Tal não significa que os casamentos sejam por defi­nição um impedimento à realiza­ção pessoal ou que os solteiros se­jam mais felizes que os casados, pois nenhuma destas situações é perfeita. Estar bem connosco en­quanto solteiros envolve três está­dios básicos.




Auto-suficiência. Ter prazer em estar solteiro envolve a capacida­de de experimentar tudo através de nós próprios, em vez de o fazer através do parceiro. Significa cui­darmos de nós, mas também com­preendermos a nossa personalida­de. É neste trabalho de introspec­ção a sós que melhor percebemos e podemos explorar as nossas ne­cessidades, gostos e objectivos in­dividuais.
Ser solteiro pode ser visto como um estado que permite o cresci­mento pessoal, especialmente en­tre a adolescência e o casamento. Ao contrário do que geralmente acontece, ser solteiro podia até ser reconhecido como um está­dio de maturação do indivíduo e não um motivo de pena ou estra­nheza, até porque permite apren­der os princípios da responsabili­dade e da auto-suficiência, carac­terísticas difíceis de concretizar quando estamos envolvidos nu­ma relação entre pais e filhos ou marido e mulher.
Infelizmente, muitas pessoas não vivem esta importante fase. Saem de casa dos seus pais directamen­te para a sua família recém-cons­tituída sem sequer considerarem que podiam ser felizes como sol­teiros por algum tempo.


Viver objectivos. Quando se ca­sam, muitas pessoas deixam para trás muitos objectivos por cum­prir e isso pode prejudicar o ca­samento. Daí que muitas pessoas divorciadas ou viúvas aproveitem a sua nova condição para viverem os seus sonhos: viver sós, aprender a conhecer os ritmos próprios, di­versificar e aumentar o número de namoros, conhecer outro tipo de amigos e interesses, aprender a vi­ver e a cuidar de si.
Antes de nos envolvermos numa relação de longo termo ou num casamento, geralmente preocu­pamo-nos em conhecer o outro, do que gosta, como é, que características nos atraem ou afastam. Se isso é importante quanto a tercei­ros, também o deveria ser em re­lação a nós próprios. Ser solteiro é especialmente indicado para nos envolvermos no conhecimento de nós mesmos, eventualmente co­locando-nos as mesmas questões que colocaríamos quando conhe­cemos outras pessoas.
Muitos de nós fomos de tal forma influenciados pela família, pelos amigos e pelas normas sociais que que muitas vezes temos dificulda­de em aceitarmo-nos e conhecer­mo-nos tal como somos.



Gerir o tempo. Se o estado de sol­teiro é consequência de uma rela­ção desfeita, o tempo extra que ad­vém pode ter de se tornar alvo de uma verdadeira aprendizagem. Se antes da separação, especialmen­te no caso das mulheres, o tempo livre entre a casa, o emprego e os
filhos era quase nulo, agora pode não ser. E a tarefa por vezes mais difícil de encarar nesta nova con­dição é encontrar o que fazer nas horas livres. Saber tirar partido de ser solteiro significa aprovei­tar a liberdade para criar um es­tilo de vida excitante e recompen­sador. E vivê-lo sem a preocupação de não ser exactamente o que o ou­tro gostaria. As possibilidades es­tão apenas limitadas pela imagi­nação e determinação.
Com a liberdade de gerir o tem­po vem a liberdade de acção. Mes­mo que ser solteiro tenha inconvenientes em termos financeiros, pelo menos podemos sempre adap­tar os nossos sonhos ao tamanho do orçamento.





Para Descomplicar os Afectos, http://www.oficinadepsicologia.com/ e aventure-se nas novas relações, com os outros e consigo






quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Auto-conhecimento


autora: Catarina Mexia


A capacidade de nos relacionarmos com os outros está, em primeiro lugar, ligada à capacidade de nos auto-relacionarmos. Daí que o autoconhecimento seja cada vez mais procurado, seja através de terapia ou de técnicas de meditação oriental. Experimente!

Cada um de nós procura o seu in­terior motivado, na minha opi­nião, pela procura de segurança pessoal. Quero saber quem sou para ter mais segurança em mim. Quero saber quem sou, para saber quem procuro ou o que procuro no outro. E há medida que vou cres­cendo esta questão é cada vez mais importante. Quem sou eu? O que necessito? O que me atrai, o que me cativa, o que me satisfaz? Fala-se de um mundo novo, de um mundo despojado de certezas, de afirmações absolutas, de cami­nhos correctos, de lugares segu­ros. Há um risco maior, há solicita­ções permanentes, há obrigações inadiáveis, há trabalho constante e muito pouco tempo para nos de­dicarmos a nós próprios e ao ou­tro. Daí que quando escolhemos os amigos ou o companheiro com quem queremos partilhar a nossa vida sejamos mais exigentes e se­lectivos nessa escolha, que tende a ser cada vez mais verdadeira e in­dependente de questões sociais ou culturais.


Crescer com os desafios. Pe­rante novos desafios podemos to­mar duas opções: recusar o desafio e procurar refúgio no que é segu­ro, familiar e protector ou aceitar o risco e experimentar novos papéis, situações e sensações.
Crescer implica enfrentar medos, ter a coragem de desafiar pressu­postos antigos, questionar ver­dades absolutas, ponderar cami­nhos tidos como certos, aceitar correr riscos. Muitas vezes prefe­rimos viver agarrados a tradições, costumes, regras, verdades que nos fazem sentir seguros (e prova­velmente infelizes), do que aceitar novas maneiras de ser e fazer, de sentir, de pensar, de estar.
Crescer implica realizar mudanças pessoais, alternando entre avanços e retrocessos, movimento e estag­nação, busca de novas sensações ou refúgio nas antigas. Pode significar dor, desvinculação, separa­ção, mas também segurança, for­ca. alegria e determinação. Uma mudança pessoal vai para além da mudança observável. A mudança física, objectiva e concreta é mais simples de realizar do que a mu­dança interior. Com maior ou me­nor dificuldade, mudamos de casa, de emprego, de cidade, alteramos hábitos de vida ou adaptamo-nos a novas circunstâncias. No entanto, a mudança interior necessária pa­ra nos adaptarmos a novos desafios da vida é muito mais dura e difícil de conseguir.
A mudança interior permite maior capacidade de adaptação à vida e de realização pessoal. Realizar uma mudança implica enfrentar medos, desafiar a au­toridade, estar preparado para assumir a responsabilidade pelos próprios actos.
Perante acontecimentos que desa­fiam a nossa maneira de pensar e de agir, ou perante situações que nos obrigam a tomar opções, po­demos optar por dois caminhos: a estagnação ou a evolução.


Crescer ou estagnar? Se as pressões ou os desejos para a es­tagnação prevalecem, tendemos a negar as oportunidades de vi­da que nos surgem, recusando-as ou encontrando justificações que nos permitem pô-las de parte sem nos sentirmos culpados. Impedi­mo-nos de arriscar numa relação porque temos medo de ser mago­ados, ou prolongamo-la indefini­damente no tempo por medo de ficarmos sós; não aceitamos um novo emprego aliciante porque o actual é seguro e fixo, ou recusa­mos uma nova tarefa porque te­mos medo de não sermos bem su­cedidos a fazê-la; não partimos em viagem com medo de não conse­guirmos voltar ou andamos sem­pre de lado para lado porque te­mos medo de parar.
Neste caminho não conseguimos aceitar que temos medo, que po­demos errar e que, por isso, op­tamos por viver estagnados mas "seguros" a um modo de vida. Normalmente agarramo-nos aos pressupostos que nos foram incu­tidos na infância, seguimos as pi­sadas daqueles em que confiamos, deixamos os mais próximos deci­dir o nosso rumo. Definimo-nos mais por aquilo que partilhamos com o outro do que pelas caracte­rísticas que nos são próprias ou ex­clusivas. Há uma tendência para a fusão com o outro.

Mais desafios. "Eu sou a rela­ção que formo com o outro; per­der a relação significa perder-me a mim mesmo". Esta situação po­de ser muito angustiante e obri­gar a um grande desgaste pessoal, pois na corrida para satisfazermos os desejos do outro deixamos pa­ra trás os nossos. Bloqueamos os nossos impulsos e necessidades em favor das vontades do outro. Não expressamos a nossa verdade com medo de perder o outro. Se, pelo contrário, as pressões ou o desejo pessoal para a evolução se sobrepõem, optamos por arris­car, realizando mudanças que são movidas, decididas e iniciadas por nós. São mudanças que têm asso­ciadas mais dúvidas e incertezas, do que a segurança e solidez, pois o caminho a traçar é novo, diferen­te do conhecido e experimentado e, consequentemente, mais desa­fiante. Movemo-nos no sentido de construção da nossa identida­de, fortalecimento e crescimen­to pessoal. Nestas situações agi­mos. Somos capazes de organizar o tempo em função das necessi­dades pessoais, de dizer "não" ao outro, de defender princípios di­ferentes dos que nos foram incu­tidos. O adolescente é capaz de di­zer "não" às pressões dos amigos; a rapariga é capaz de terminar a re­lação em que sofre e assumir a vi­da de forma autónoma; a mulher parte para a viagem que necessita, enfrentando o mundo de frente; o homem inicia uma terapia porque sabe que sozinho não é capaz de resolver os seus problemas.Forte e autêntico. Ter a cora­gem de arriscar e de enfrentar os obstáculos que esta acção implica é por si só um sinal de mudança, uma certeza de que acreditamos que a vida pode ser diferente. O caminho é pautado por dor ou so­frimento, mas acreditamos que o conseguimos trilhar. É certo que podemos não acertar sempre nas opções que fazemos ou magoar­mo-nos com algumas delas, mas sabemos que temos capacidade pa­ra realizar as mudanças e tornar­mo-nos mais fortes e autênticos. É neste momento que cada um é o verdadeiro actor e autor da sua vi­da. Na dúvida do que fazer, expe­rimente!


Arrisque conhecer-se melhor, dar a volta á sua vida, enfrentar os desafios, vá a http://www.oficinadepsicologia.com/

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SOU tímido


Autora: Catarina Mexia


Corar, gaguejar ou sentir que fal­tam recursos para lidar com de­terminadas situações são sinto­mas comuns da timidez. Parece que o corpo trai a mente e mostra a todos o que implicou tanto esfor­ço a esconder, ou seja, a incapaci­dade em lidar com terceiros.


O que é? Uma pessoa tímida tem dificuldade em afirmar as suas ne­cessidades, deixa-se ultrapassar na fila do supermercado sem recla­mar, não consegue tomar a pala­vra em reuniões e costuma isolar- se a um canto em eventos sociais. A timidez é uma forma ligeira de fobia social, uma perturbação bas­tante mais grave que pode ser pa­ralisante na vida de uma pessoa e deve ser tratada antes de conduzir ao isolamento e à depressão.
Um tímido é uma pessoa que de­mora mais tempo do que as outras a adaptar-se a novas situações so­ciais, que desencadeiam nele uma ansiedade forte e menos controlá­vel do que na maioria das pessoas.

Tem geralmente uma imagem ne­gativa de si mesmo e apresenta au­to-estima fraca. Não crê nas suas capacidades, o que resulta na fal­ta de autoconfiança. Os mais tímidos passam a vida a adiar o cumprimento dos seus sonhos e a arrependerem-se amargamente dessa demora. Incapazes de dar o primeiro passo, não conseguem chegar aos outros, ficando sem­pre à espera que alguém dê o pri­meiro passo na sua direcção.

Infância fragilizada. Uma lei­tura possível da timidez reporta- nos à intolerância perante a inca­pacidade de ser bem sucedido. É comum os tímidos não tomarem iniciativas com receio de estra­garem tudo. Têm em si uma an­siedade antecipatória negativa, o que apenas lhes permite antever cenários extremamente derrotis­tas. Para eles, a critica é sinóni­mo de rejeição. E se as suas ideias são reprovadas, tal é sentido como humilhação. Estes sentimentos só vêm reforçar ainda mais a certeza de que não dar nas vistas é a me­lhor e mais saudável atitude. Outra explicação para este fenó­meno remete para a infância. Por exemplo, uma criança que cresceu num ambiente familiar demasia­do protegido, onde se sentiu sufo­cada ou excluída num ambiente demasiado adulto, ou ainda uma criança com falta de afecto ou compreensão que sofreu conflitos familiares, é uma boa candidata a comportar-se de forma tími­da. Também o falhanço escolar e as frequentes mudanças de escola são factores que não ajudam.


Falta de segurança. Geralmen­te, a timidez traduz-se por uma atitude receosa, uma perturba­ção excessiva e uma falta de segu­rança no comportamento peran­te terceiros. Mas pode também esconder-se por trás de um comportamento agressivo, que deno­ta, muito simplesmente, ausência de autoconfiança.
As manifestações são simultanea­mente fisiológicas e psicológicas. Entre as primeiras, contam-se transpirar excessivamente, sen­tir falta de ar, rubor ou palidez acentuados, gaguejar e alterações da voz (que se torna praticamen­te inaudível ou ininteligível), ri­gidez muscular e tremores. No plano psicológico destacam-se o sentimento de paralisia (que tor­na impossível a mais pequena re­acção) e atenção demasiado cen­trada no objecto do medo (neste caso, as outras pessoas).
Mas a timidez pode e deve ser en­carada como uma percepção men­tal distorcida que só faz sentido em função da presença do outro. Ninguém é tímido sozinho! Daí que outra característica dos tímidos passe por pensarem que estão a ser constantemente observados ou julgados de forma negativa, de­senvolvendo, assim, uma sensibi­lidade especial para qualquer ti­po de crítica ou comentário sobre a sua aparência e conduta.

Acabar com a timidez. Nin­guém é tímido na sua casa, con­sigo mesmo, no seu próprio meio, com a sua família mais próxima. A timidez desenvolve-se quando essa mesma pessoa ultrapassa os limites da sua intimidade e se en­volve em situações desconhecidas e novas relações sociais. A insegu­rança e o mal-estar que assaltam o tímido manifestam-se unica­mente quando se vê rodeado de estranhos. Para ele é muito difí­cil deixar de pensar em si mesmo. Leva-se "demasiado a sério", pe­lo que se torna muito difícil con­centrar-se em qualquer outra ac­tividade. Não tira proveito de um jantar ou de uma festa, por exem­plo, pois está constantemente pre­ocupado com o que os outros es­tão a pensar dele. Também tem sérias dificuldades na esfera pro­fissional, uma vez que se encontra mais preocupado em não destoar do que a brilhar.
No comportamento generaliza­do que todos temos de procura de aprovação — caracterizado pe-
las tentativas de causar boa im­pressão nos outros —, os tímidos não se sentem merecedores dessa aprovação e os seus esforços vão apenas no sentido de diminuir a desaprovação. A pressão social re­percute-se especialmente sobre os tímidos que têm um baixo concei­to de si mesmos e que consideram de forma muito modesta as suas capacidades.


Existe tratamento? A terapia cognitivo-comportamental é o tratamento preferencial para es­tas situações. Podem ser utiliza­dos psicofármacos associados, especialmente quando a ansieda­de ou os sintomas fisiológicos são muito intensos ou existem outras patologias associadas. Esta forma de terapia ajuda a despistar com­plexos, frustrações e cognições distorcidas da realidade. Adap­tada a todas as idades, parece ser muito eficaz, pois permite afron­tar progressivamente as situações ameaçadoras. A tónica é posta nas causas actuais do comportamento problemático e menos nas causas inconscientes.
Utilizam-se, para isso, técnicas de controlo da ansiedade, como relaxamento e controlo da respi­ração, treino de competências so­ciais, técnicas para corrigir pensamentos disfuncionais,
outras inseridas num processo psicoterapêutico, geralmente de curta duração.
A prática de uma actividade des­portiva é um meio de integração num grupo, onde se promovem trocas e companheirismos, que ajuda a lutar contra o isolamento em qualquer idade.


Virtudes e defeitos. A timidez não é necessariamente um inibidor da expressão de personali­dade. Numerosos comediantes, cantores, personalidades públi­cas provam-no aparecendo em ce­na para melhor ultrapassar uma timidez que os angustia. Exprimir-se sem receios é aceitar o risco de sermos postos em questão, de enfrentarmos a desaprovação e de nos mostramos tal qual so­mos, com virtudes e defeitos. Mas é também partilhar e enriquecer­mo-nos no contacto com o outro: sermos reconhecidos como uma personalidade, como um todo que vale a pena conhecer.


No site da Oficina de Psicologia pode encontrar informação e formulário de inscrição para os grupos de Fobia Social