segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Solteiros e Felizes


Autora: Catarina Mexia

Há uma ou duas gerações os solteiros eram olhados pela comunidade como frustrados que não conseguiam casar. Mas hoje ser solteiro é uma alternativa aceitável.





Da mesma forma que a sociedade mudou para acolher os solteiros por opção, também a nossa cabe­ça tem que mudar, especialmente se ser solteiro resulta do fim de um casamento em que predominou a união e a não individualidade. Es­tar solteiro pode ser uma experi­ência produtiva e feliz, se essa for uma escolha consciente.



Três rostos. Existem pelo me­nos três formas de encarar a con­dição de solteiro. A primeira en­globa pessoas que se sentem en­vergonhadas por terem de ad­mitir que continuam sozinhas. Mostram-se desesperadas e an­seiam por um companheiro. São facilmente aterrorizadas pelo me­do de não terem ninguém que as ame, o que as leva frequentemente à depressão e à insatisfação, dis­tanciando-as cada vez mais de um relacionamento.
Outras apregoam os benefícios de viverem sozinhas, mas não dis­pensam uma noitada, uma saída com amigos. Muitas delas estão a mentir a si próprias e aos outros, porque na realidade sentem-se so­zinhas e percebem que estão tão desesperadas quanto as que sen­tem vergonha por estarem sozi­nhas. Para algumas destas pessoas a necessidade de um companheiro pode esconder uma dificuldade de relacionamento consigo próprias. Sentem esta fase como uma inter­rupção numa área da vida que não devia parar. O medo de ficarem sózinhas leva-as a passarem por rela­cionamentos desagradáveis. E ao rejeitarem ficarem sós, estas pessoas defendem-se da confrontação consigo mesmas, com as suas qua­lidades e insuficiências.
Por último, existem pessoas que, mesmo não sendo solteiras por opção, sentem-se felizes e sabem lidar com esse estado saboreando cada minuto da vida. São a melhor prova de que ser solteiro não é si­nónimo de solidão. Mas porque vi­ver a sós pode não ser voluntário, há que aprender a ser solteiro. Por vezes as pessoas que se encon­tram novamente solteiras após um divórcio sentem um grande alívio e rapidamente desfrutam das vantagens dessa situação. São ge­ralmente casos de pessoas separa­das cujos casamentos foram de tal maneira absorventes que se consti­tuíram verdadeiras barreiras à re­alização pessoal. Tal não significa que os casamentos sejam por defi­nição um impedimento à realiza­ção pessoal ou que os solteiros se­jam mais felizes que os casados, pois nenhuma destas situações é perfeita. Estar bem connosco en­quanto solteiros envolve três está­dios básicos.




Auto-suficiência. Ter prazer em estar solteiro envolve a capacida­de de experimentar tudo através de nós próprios, em vez de o fazer através do parceiro. Significa cui­darmos de nós, mas também com­preendermos a nossa personalida­de. É neste trabalho de introspec­ção a sós que melhor percebemos e podemos explorar as nossas ne­cessidades, gostos e objectivos in­dividuais.
Ser solteiro pode ser visto como um estado que permite o cresci­mento pessoal, especialmente en­tre a adolescência e o casamento. Ao contrário do que geralmente acontece, ser solteiro podia até ser reconhecido como um está­dio de maturação do indivíduo e não um motivo de pena ou estra­nheza, até porque permite apren­der os princípios da responsabili­dade e da auto-suficiência, carac­terísticas difíceis de concretizar quando estamos envolvidos nu­ma relação entre pais e filhos ou marido e mulher.
Infelizmente, muitas pessoas não vivem esta importante fase. Saem de casa dos seus pais directamen­te para a sua família recém-cons­tituída sem sequer considerarem que podiam ser felizes como sol­teiros por algum tempo.


Viver objectivos. Quando se ca­sam, muitas pessoas deixam para trás muitos objectivos por cum­prir e isso pode prejudicar o ca­samento. Daí que muitas pessoas divorciadas ou viúvas aproveitem a sua nova condição para viverem os seus sonhos: viver sós, aprender a conhecer os ritmos próprios, di­versificar e aumentar o número de namoros, conhecer outro tipo de amigos e interesses, aprender a vi­ver e a cuidar de si.
Antes de nos envolvermos numa relação de longo termo ou num casamento, geralmente preocu­pamo-nos em conhecer o outro, do que gosta, como é, que características nos atraem ou afastam. Se isso é importante quanto a tercei­ros, também o deveria ser em re­lação a nós próprios. Ser solteiro é especialmente indicado para nos envolvermos no conhecimento de nós mesmos, eventualmente co­locando-nos as mesmas questões que colocaríamos quando conhe­cemos outras pessoas.
Muitos de nós fomos de tal forma influenciados pela família, pelos amigos e pelas normas sociais que que muitas vezes temos dificulda­de em aceitarmo-nos e conhecer­mo-nos tal como somos.



Gerir o tempo. Se o estado de sol­teiro é consequência de uma rela­ção desfeita, o tempo extra que ad­vém pode ter de se tornar alvo de uma verdadeira aprendizagem. Se antes da separação, especialmen­te no caso das mulheres, o tempo livre entre a casa, o emprego e os
filhos era quase nulo, agora pode não ser. E a tarefa por vezes mais difícil de encarar nesta nova con­dição é encontrar o que fazer nas horas livres. Saber tirar partido de ser solteiro significa aprovei­tar a liberdade para criar um es­tilo de vida excitante e recompen­sador. E vivê-lo sem a preocupação de não ser exactamente o que o ou­tro gostaria. As possibilidades es­tão apenas limitadas pela imagi­nação e determinação.
Com a liberdade de gerir o tem­po vem a liberdade de acção. Mes­mo que ser solteiro tenha inconvenientes em termos financeiros, pelo menos podemos sempre adap­tar os nossos sonhos ao tamanho do orçamento.





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