sábado, 18 de setembro de 2010

Várias Caras, Um nome

 
Autor: Francisco de Soure
Psicólogo Clínico


Maria, 35 anos, Queluz. Administrativa numa escola da Grande Lisboa. Há 4 anos teve uma interrupção involuntária da gravidez, numa altura em que um filho era extremamente desejado. O casamento ressentiu-se, e hoje as relações com o marido são frias. Na escola diz-se que a Maria não sorri. E não sorri, de facto. Pouco dorme a maioria das noites. Não tem um orgasmo há 4 anos.

Pedro, 19 anos, Tondela. Sonhava ir para a faculdade, estudar Medicina. No 12º ano, com a pressão dos exames nacionais, o Pedro começou a mudar. A fechar-se no quarto cada vez mais tempo. Para estudar, dizia ele. Deixou de estar com os amigos, os pais quase não lhe ouviam a voz. Quando a ouviam, era a irritação que transparecia com mais frequência. Os resultados no final do ano foram muito fracos. Neste momento trabalha como estafeta, e não manifesta qualquer intenção de continuar os estudos.

Ricardo, 26 anos, Évora. Desde que terminou um namoro de 3 anos, a meio do Verão, tornou-se outra pessoa. Perdeu 5 quilos de peso. São as olheiras o traço mais saliente da sua expressão facial. Nunca ninguém o viu estar abertamente triste, mas toda a gente que o conhece nota que se apagou uma luz nos seus olhos quando sorri. O gerente da agência bancária tem manifestado preocupação com a queda vertiginosa que a sua produtividade sofreu, o que periga agora a sua continuidade no banco.


Rita, 52 anos, Santiago do Cacém. O filho acabou de ir para a Universidade, longe de casa. Há semanas que o marido a surpreende com ataques de choro, que nega quando a confronta com esse facto. Anda pela casa como se lhe faltasse uma parte de si. Começou a comer e a dormir muito mais que fazia antes, ao mesmo tempo que deixou de frequentar as aulas de Yoga que tanto gostava. A gestão da casa, que divide com o marido, ressentiu-se.

Teresa, 48 anos, Lisboa. Vive com o Pai na casa onde cresceu. Os colaboradores da secção que dirige queixam-se frequentemente da dureza com que os trata, da intransigência que manifesta em todos os momentos. Só o seu superior hierárquico conhece a história de como teve que abdicar de um emprego numa sucursal da empresa no Reino Unido, assim como de uma relação que mantinha, aquando do aparecimento do cancro da sua mãe. Acabou por falecer há 15 anos, mas a Teresa nunca teve a coragem nem a ambição de arranjar casa própria e ascender na carreira.
São as histórias de cinco pessoas, completamente diferentes entre si. Com profissões diferentes, estilos de vida diferentes, origens diferentes. Cinco pessoas que provavelmente nunca se cruzaram. E que, sem o saberem, partilham algo muito forte entre si. Algo de profundamente doloroso e limitador. Uma única palavra, um nome, as une: Depressão. Qualquer uma destas pessoas, como qualquer um de nós, é permeável ao aparecimento desta perturbação tão frequente, tão dolorosa, tantas vezes desvalorizada. Muitas vezes nem olhamos para ela como tal. Ignoramos a influência perversa que exerce sobre quem dela sofre. A forma como destrói a motivação, provoca o isolamento, altera a alimentação, sono e vida sexual, o impacto que tem na capacidade de ser produtivo. A forma como nos rouba a capacidade de sentir prazer, de nos sentirmos fluidos e confortáveis no contacto com os outros, de mobilizarmos atenção e memória a tarefas importantes. A forma como, quando mais disfarçada de nós próprios, nos deixa irritados com tudo e todos. Muitas vezes nem nós nos damos conta que estamos deprimidos. Quando nos apercebemos, é absolutamente assustador. Damos por nós sob a influência de uma doença que não se vê no corpo, que não percebemos, que nem nos sentimos com a energia para combater. Algo que parece ter-se tornado quem nós somos, ao invés de uma perturbação passageira e reversível.

Felizmente, a depressão é reversível. É, de facto, um estado passageiro, que conseguimos combater. Para além de estarem deprimidas, estas 5 pessoas partilham um outro traço. Qualquer uma delas seria um óptimo candidato para frequentar terapia de grupo orientada para o tratamento da Depressão.

A Terapia de Grupo é uma das abordagens mais valorizadas e enriquecedoras em Psicoterapia. Por isso, na Oficina de Psicologia procuramos dar a todos os que nos procuram a possibilidade de aceder a esta intervenção de eficácia comprovada. Se se revê nestas histórias, ou identifica alguém importante para si, não fique de braços cruzados. Procure-nos! Estamos aqui para si!

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