quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pânico, para que te quero?


Autor: Nuno Mendes Duarte

Para mim, as férias são um momento de reunião familiar que reforçam o amor existente, descanso para pensar melhor e tempo de qualidade com amigos que me enchem de afecto. Acredito que, assim é, também para muitas pessoas. Claro que isso permite estarmos mais atentos a conversas dos que nos rodeiam e não só às conversas que decorrem no consultório. Mas, enquanto psicólogo, não posso deixar de me preocupar com as conversas que fui ouvindo este Verão, entre amigos, conhecidos e outros que rodeiam este meu mundo social.

“Pânico”, “fanico”, “está aflita”, “já foi a imensos médicos e todos dizem que no coração não tem nada de mal”, “há anos que acha que algo está mal com o coração dela, ou que vai morrer quando isto lhe dá”, “já falei com ele e não aceita ajuda psicológica”, “diz que não é maluco”…. Ouvi isto de pessoas que sabem o que é a psicologia, ouvem falar de psicologia em todo o lado mas, na realidade, continuam sem ter informação sobre o que são perturbações psicológicas e como as podemos ajudar. É verdade, dei por mim a pensar que todas estas pessoas falavam de Perturbação de Pânico.

Lá está ele com a história do pânico outra vez, poderão dizer aqueles que sabem que esta é uma área de trabalho que me interessa bastante. E eu respondo, é verdade, falo de pânico outra vez porque oiço a palavra pânico na boca de muita gente.

A Perturbação de Pânico tende a ser negligenciada, muitas vezes, porque as pessoas acreditam que o que lhes está a acontecer no corpo resulta de uma doença física ou alguma outra situação física grave. Na realidade, após exames médicos, muitas verificam que não existe nenhuma causa física e podem ouvir algumas respostas como “Isso é só ansiedade”, “Descanse que isso passa”. E, observo que, mesmo depois das pessoas se tranquilizarem, os ataques de pânico continuam a surgir sem que alguma vez seja procurada ajuda num especialista (psiquiatra ou psicólogo).

Muito do trabalho que se faz num Grupo de Terapia para o Tratamento da Perturbação de Pânico consiste em ensinar um conjunto de estratégias que ajudem a pessoa a regular as suas reacções num ataque de pânico e a saber tranquilizar-se quanto ao medo que sente relativamente a ter novos ataques. Claro que nas conversas de Verão me perguntam se temos alguma receita milagrosa que impeça os ataques de pânico… Eu brinco e pergunto: achas que existe alguma receita milagrosa para viver? Para ultrapassar esta situação de pânico temos de compreender o que nos acontece, aprender estratégias, aceitar alguns erros e aprender a viver com a imprevisibilidade do futuro.

Para o ajudar no seu futuro e a tratar a perturbação de pânico vou iniciar mais uma edição do Grupo de Tratamento para a Perturbação de Pânico na Oficina de Psicologia dia 21 de Setembro… não deixe passar mais um ano e chegar mais um Verão, para continuar a falar do pânico que o aflige.
Cuide de si!

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