sábado, 11 de julho de 2009

Quando o corpo é o inimigo


A ansiedade é uma reacção intensamente corporal e que foi “desenhada” para ser desagradável ao ponto de nos chamar a atenção, porque tem por função alertar-nos para potenciais perigos. Assim, muita da reacção ansiosa é sentida ao nível do corpo: aceleração cardíaca, tensão muscular, digestões difíceis, alterações da temperatura corporal, hiperventilação, com as suas consequências de sensação de sufoco, dor no peito e tontura… tudo sintomas físicos comuns de quem está ansioso.

No Verão, devido ao calor, o corpo adapta-se às novas condições externas e reage, igualmente, com alguns destes sintomas, muito particularmente a sensação de dificuldade em respirar, e digestões que, pelo menos, nos parecem ser mais lentas, bem como algumas dificuldades de sono que nos deixam combalidos durante o dia.

No Verão, quem tenha predisposição para problemas ansiosos (o que acontece às pessoas com um limiar mais baixo para reconhecerem a sintomatologia física e com uma menor tolerância a esses sinais do organismo), passa por alguns maus momentos. O corpo dá sinais de ajuste à nova temperatura e uma pessoa com maior predisposição para a ansiedade sente com maior intensidade esses sinais e preocupa-se a um ponto de ficar ansioso o que, por sua vez, gera sinais muito parecidos. Desta forma, a sintomatologia física intensifica-se e a pessoa sente que existe, de facto, motivo de preocupação, sendo frequente pensar que existe algum problema médico grave e que requeira atenção urgente.

Nos casos extremos do que acabámos de falar, nomeadamente quando surgem picos de ansiedade muito elevados, a um ponto de a pessoa ter uma sensação de morte ou descontrolo eminente, e quando se instala um ciclo de preocupação a propósito de poder voltar a sentir a mesma coisa, define-se como perturbação do pânico.

Trata-se de uma das perturbações da ansiedade mais frequentes e muito penalizadoras da qualidade de vida porque origina muito sofrimento, a que parece ser impossível de escapar, porque o inimigo é o corpo, com os seus sinais de alarme. Felizmente, existem metodologias de tratamento muito eficazes em psicologia para esta situação.


  • Algumas sugestões, no caso de se dar mal com o calor e já se ter apercebido de que fica ansioso(a) com as suas reacções corporais:

  • Em primeiro lugar, proteja-se do calor excessivo, ficando dentro de casa à hora de maiores temperaturas e economize-se no esforço físico

  • Aligeire as refeições, muito em particular o almoço, diminuindo as doses (e compensando com uma maior frequência) e evitando comidas indigestas e pesadas
  • Mantenha-se hidratado e longe do sol forte

  • Aprenda um exercício de respiração abdominal que lhe permita restabelecer rapidamente um ritmo correcto de respiração e, assim, evitar a sensação de sufoco que caracteriza a hiperventilação, que surge como um dos primeiros sinais de ansiedade

  • Faça exercício físico nas alturas em que o tempo está mais fresco (de preferência, de manhã cedo)

  • Mantenha o quarto de dormir tão fresco quanto possível, para que o corpo possa arrefecer à noite, ajudando a um sono repousado

  • Quando sentir o corpo a dar sinais de desconforto, lembre-se que ficar ansioso apenas vai piorar esse desconforto

  • Finalmente, nunca é demais lembrar: se tiver motivos para pensar que possa ter um problema físico, não hesite em fazer uma avaliação médica!

  • E, se suspeitar que possa sofrer de perturbação do pânico ou de outro problema de ansiedade, tenha presente que é uma situação que se trata com elevados níveis de eficácia em psicoterapia.

1 comentário:

  1. Parabéns!
    Como sempre, a informação explicita e honesta, ajuda-nos a compreender e aprender a ultrapassar as n/ Ansiedades.
    Obrigado.

    ResponderEliminar