quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Mito do Corpo Perfeito


Autora: Catarina Mexia

O Verão é uma altura propícia para o aparecimento de preocupações com a imagem corporal, excessos de peso e pequenas gordurinhas que estão fora do sítio. Somos educados para cultivarmos uma apresentação agradável, mas particularmente as mulheres consideram ter necessidade de uma determinada forma para serem consideradas atraentes. E não é difícil encontrar razões por que muitas delas consideram que uma boa aparência passa por ter um corpo bem delineado, magro e com as medidas certas. Na verdade, todos somos diariamente confrontados com formas corporais que a maior parte de nós não possui, mas senti-mos necessárias para assegurar uma relação amorosa ou íntima bem sucedida.
Muitas mulheres estão mesmo convencidas de que não conseguem encontrar o seu "príncipe encantado" se não forem louras, tiverem pernas longas e bem torneadas, um peito generoso e uma pele fabulosa. Também os homens sentem este peso, acreditando que chamam a atenção do sexo oposto mais facilmente se tiverem um corpo bem trabalhado, um cabelo magnífico e uma pele perfeita. A realidade, porém, não é necessariamente esta.

Padrões de beleza. Cada cultura tem padrões de beleza que mudam com os tempos. Os padrões de beleza que conhecemos e pretendemos atingir, e que estão na sua maioria presentes nas revistas, são a excepção — e por isso são escolhidos para as revistas. No entanto, muitas pessoas parecem esquecer esta realidade.

Alguns estudos demonstram que enquanto as preferências expressas por um grupo de homens que indicavam gostarem de mulheres com uma figura bem equilibrada, muitas mulheres achavam que esses mesmos homens prefeririam mulheres mais magras. Um outro estudo mostrou que o tamanho do peito, que as mulheres consideram ter que ser grande, não correspondia à preferência dos homens que preferiam um peito bem dimensionado e firme, independentemente do tamanho. Outro ainda veio mostrar que a maioria dos homens inquiridos valorizava mais a atracção do olhar e dos olhos da mulher do que as outras partes do corpo, como as ancas, o peito ou as pernas.
Algo que parece um pouco contraditório prende-se com o facto de as mulheres continuarem a considerar fundamental a sua aparência, em detrimento de qualidades como a beleza interior ou força de carácter. Mas na realidade o que desperta a atenção entre um homem e uma mulher?

Regras da atracção.
A atracção entre homens e mulheres parece tratar-se de um fenómeno químico baseado nas secreções corporais conhecidas por fenormonas. Os cientistas sabem que os animais utilizam as fenormonas para cortejarem o sexo oposto, mas ainda não conseguiram determinar a sua real importância nos humanos, apesar de considerarem que parece funcionar da mesma forma e com objectivos semelhantes aos do reino animal. A considerarmos hipótese, coloca- se outra questão: será a atracção também o produto de um processo mental baseado na análise e escolha racionais das características corporais do companheiro, ou será o resultado de uma programação primária com milhões de anos? Na verdade, o ideal de beleza varia de cultura para cultura e tem sofrido um longo processo evolutivo. E o nosso conceito de beleza, o da sociedade ocidental, deve muito à cultura grega, a primeira a divulgar a ideia de que um corpo bonito tinha que ser alto e bem torneado. As proporções das suas estátuas marcaram toda a arte, desde a Idade Média até aos dias de hoje, em que os modelos são escolhidos para estarem presentes nas revistas continuam a obedecer a estes padrões. Mesmo assim, muitos dos modelos são ainda mais magros, uma tendência que parece ter-se desenvolvido na segunda metade do século XX.
Outro aspecto desta realidade parece estar relacionado com os media, onde encontramos mais facilmente a última dieta da artista X ou Y do que artigos acerca da forma como alguém conseguiu tornar-se uma mulher de negócios ou uma profissional bem sucedida.

Ponto de equilíbrio. A solução para quem se vê envolvido neste dilema passa por encontrar um ponto de equilíbrio. Se por um lado a pressão do exterior não pode ser ignorada, por outro sabemos no nosso íntimo que a beleza interior é um dos elementos fundamentais para que qualquer relação prospere. Apesar de a beleza exterior ajudar a que o romance dure e ambos os elementos do casal se sintam menos vulneráveis às diferenças entre eles e os modelos exteriores, nem a mulher nem o homem devem ser escravos dessa realidade ou terem necessidade de fazerem comparações. O melhor compromisso é não procurar soluções milagrosas ou fáceis, nem tentar ir para além daquilo que o nosso corpo, bem-estar pessoal e qualidade de vida permitem.

A elegância física deve ser resultado de uma alimentação saudável e equilibrada.
Somos o produto dos nossos genes e (ainda!) não podemos alterar a compleição de base. Se a aparência física é determinante para o nosso bem-estar talvez seja preciso avaliarmos o nosso nível de auto-estima.

Os modelos exteriores são apenas referências. Todos podemos sonhar, mas se o sonho substitui a realidade sobra-nos apenas a insatisfação constante.

Costumamos dizer que os gordos são mais felizes. Gordura em excesso não é bom, mas a felicidade é muito saudável e estarmos a retraírmo-nos constantemente não faz ninguém feliz.

O exercício físico tem um duplo mérito: ajuda-nos a encontrar uma forma saudável e produz endorfinas que contribuem para o nosso bem-estar.

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