segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SOU tímido


Autora: Catarina Mexia


Corar, gaguejar ou sentir que fal­tam recursos para lidar com de­terminadas situações são sinto­mas comuns da timidez. Parece que o corpo trai a mente e mostra a todos o que implicou tanto esfor­ço a esconder, ou seja, a incapaci­dade em lidar com terceiros.


O que é? Uma pessoa tímida tem dificuldade em afirmar as suas ne­cessidades, deixa-se ultrapassar na fila do supermercado sem recla­mar, não consegue tomar a pala­vra em reuniões e costuma isolar- se a um canto em eventos sociais. A timidez é uma forma ligeira de fobia social, uma perturbação bas­tante mais grave que pode ser pa­ralisante na vida de uma pessoa e deve ser tratada antes de conduzir ao isolamento e à depressão.
Um tímido é uma pessoa que de­mora mais tempo do que as outras a adaptar-se a novas situações so­ciais, que desencadeiam nele uma ansiedade forte e menos controlá­vel do que na maioria das pessoas.

Tem geralmente uma imagem ne­gativa de si mesmo e apresenta au­to-estima fraca. Não crê nas suas capacidades, o que resulta na fal­ta de autoconfiança. Os mais tímidos passam a vida a adiar o cumprimento dos seus sonhos e a arrependerem-se amargamente dessa demora. Incapazes de dar o primeiro passo, não conseguem chegar aos outros, ficando sem­pre à espera que alguém dê o pri­meiro passo na sua direcção.

Infância fragilizada. Uma lei­tura possível da timidez reporta- nos à intolerância perante a inca­pacidade de ser bem sucedido. É comum os tímidos não tomarem iniciativas com receio de estra­garem tudo. Têm em si uma an­siedade antecipatória negativa, o que apenas lhes permite antever cenários extremamente derrotis­tas. Para eles, a critica é sinóni­mo de rejeição. E se as suas ideias são reprovadas, tal é sentido como humilhação. Estes sentimentos só vêm reforçar ainda mais a certeza de que não dar nas vistas é a me­lhor e mais saudável atitude. Outra explicação para este fenó­meno remete para a infância. Por exemplo, uma criança que cresceu num ambiente familiar demasia­do protegido, onde se sentiu sufo­cada ou excluída num ambiente demasiado adulto, ou ainda uma criança com falta de afecto ou compreensão que sofreu conflitos familiares, é uma boa candidata a comportar-se de forma tími­da. Também o falhanço escolar e as frequentes mudanças de escola são factores que não ajudam.


Falta de segurança. Geralmen­te, a timidez traduz-se por uma atitude receosa, uma perturba­ção excessiva e uma falta de segu­rança no comportamento peran­te terceiros. Mas pode também esconder-se por trás de um comportamento agressivo, que deno­ta, muito simplesmente, ausência de autoconfiança.
As manifestações são simultanea­mente fisiológicas e psicológicas. Entre as primeiras, contam-se transpirar excessivamente, sen­tir falta de ar, rubor ou palidez acentuados, gaguejar e alterações da voz (que se torna praticamen­te inaudível ou ininteligível), ri­gidez muscular e tremores. No plano psicológico destacam-se o sentimento de paralisia (que tor­na impossível a mais pequena re­acção) e atenção demasiado cen­trada no objecto do medo (neste caso, as outras pessoas).
Mas a timidez pode e deve ser en­carada como uma percepção men­tal distorcida que só faz sentido em função da presença do outro. Ninguém é tímido sozinho! Daí que outra característica dos tímidos passe por pensarem que estão a ser constantemente observados ou julgados de forma negativa, de­senvolvendo, assim, uma sensibi­lidade especial para qualquer ti­po de crítica ou comentário sobre a sua aparência e conduta.

Acabar com a timidez. Nin­guém é tímido na sua casa, con­sigo mesmo, no seu próprio meio, com a sua família mais próxima. A timidez desenvolve-se quando essa mesma pessoa ultrapassa os limites da sua intimidade e se en­volve em situações desconhecidas e novas relações sociais. A insegu­rança e o mal-estar que assaltam o tímido manifestam-se unica­mente quando se vê rodeado de estranhos. Para ele é muito difí­cil deixar de pensar em si mesmo. Leva-se "demasiado a sério", pe­lo que se torna muito difícil con­centrar-se em qualquer outra ac­tividade. Não tira proveito de um jantar ou de uma festa, por exem­plo, pois está constantemente pre­ocupado com o que os outros es­tão a pensar dele. Também tem sérias dificuldades na esfera pro­fissional, uma vez que se encontra mais preocupado em não destoar do que a brilhar.
No comportamento generaliza­do que todos temos de procura de aprovação — caracterizado pe-
las tentativas de causar boa im­pressão nos outros —, os tímidos não se sentem merecedores dessa aprovação e os seus esforços vão apenas no sentido de diminuir a desaprovação. A pressão social re­percute-se especialmente sobre os tímidos que têm um baixo concei­to de si mesmos e que consideram de forma muito modesta as suas capacidades.


Existe tratamento? A terapia cognitivo-comportamental é o tratamento preferencial para es­tas situações. Podem ser utiliza­dos psicofármacos associados, especialmente quando a ansieda­de ou os sintomas fisiológicos são muito intensos ou existem outras patologias associadas. Esta forma de terapia ajuda a despistar com­plexos, frustrações e cognições distorcidas da realidade. Adap­tada a todas as idades, parece ser muito eficaz, pois permite afron­tar progressivamente as situações ameaçadoras. A tónica é posta nas causas actuais do comportamento problemático e menos nas causas inconscientes.
Utilizam-se, para isso, técnicas de controlo da ansiedade, como relaxamento e controlo da respi­ração, treino de competências so­ciais, técnicas para corrigir pensamentos disfuncionais,
outras inseridas num processo psicoterapêutico, geralmente de curta duração.
A prática de uma actividade des­portiva é um meio de integração num grupo, onde se promovem trocas e companheirismos, que ajuda a lutar contra o isolamento em qualquer idade.


Virtudes e defeitos. A timidez não é necessariamente um inibidor da expressão de personali­dade. Numerosos comediantes, cantores, personalidades públi­cas provam-no aparecendo em ce­na para melhor ultrapassar uma timidez que os angustia. Exprimir-se sem receios é aceitar o risco de sermos postos em questão, de enfrentarmos a desaprovação e de nos mostramos tal qual so­mos, com virtudes e defeitos. Mas é também partilhar e enriquecer­mo-nos no contacto com o outro: sermos reconhecidos como uma personalidade, como um todo que vale a pena conhecer.


No site da Oficina de Psicologia pode encontrar informação e formulário de inscrição para os grupos de Fobia Social

3 comentários:

  1. Tenho um filho com 18 anos muito tímido, parecendo fobia social. Como posso ajudá-lo?

    ResponderEliminar
  2. Sou timida demais,leio varios livros de auto ajuda mas não estão dando certo, oq eu faço? Estou cada vez mais perdendo amigos.

    ResponderEliminar
  3. Preciso com urgência saber o endereço e telefone do local de encontro desse grupo, pois o site indicado não está ativado. Por favor!!!!

    ResponderEliminar